sexta-feira, 27 de abril de 2012

O Pajé e o Santo



Um mito diz que há mais de 300 anos, houve um encontro histórico no sul do Brasil. Chegavam à nação Guarani os padres Jesuítas da companhia de Jesus. Liderados por Francisco de Borja. Que ajudou a fundar os sete povos das Missões. No primeiro dos sete povos, umas das cidades mais antigas do Rio Grande do Sul, São Borja, na fronteira Oeste do Rio grande do Sul com a Argentina, que primeiramente pertencia a Espanha, houve um encontro que marcou a catequese e a conversão de milhares de indígenas ao cristianismo.

Francisco de Borja encontrou o líder espiritual dos guaranis para uma conversa. Pois para a conversão de todos os índios, Francisco deveria convencer o Pajé a virar cristão. Foram então passear pelo campo a beira do rio. E conversaram por ali durante o sol de um sábado. O pajé explicou que estava preocupado com a mudança que estava começando a acontecer, e que tratou a terra durante centenas de anos para que não pudesse haver transformações maléficas ao seu povo.

Explicou que havia feito um trabalho na terra. Onde disse: "Tudo certo, nada errado, nada errado, tudo certo. E o contrário do oposto é o mesmo que o oposto do contrário. E o inverso também." Isso muito antes dos europeus e africanos chegarem a América. Francisco perguntou então por que havia feito deste modo. O pajé falou, para não mudar o que está certo. Pois o sol deve continuar nascendo todas as manhãs, a chuva deve continuar precipitando das nuvens, e as sementes devem continuar virando árvores e as árvores devem continuar dando frutos.

Francisco pediu que o Pajé esquecesse tudo isto. Que não deveria ficar preocupado. E lhes falou de Jesus: "Houve um homem que transformou água em vinho. E assim como você, curou vários enfermos. Mas fez muito mais. Devolveu a vida aos mortos. Andou sobre as águas e multiplicou os alimentos. Morreu por nós. Ressuscitou e subiu ao céu. E está lhe convidando para aceitá-lo. Pois ele quer salvar este povo".

O Pajé, que tinha muita sensibilidade, sentiu tudo aquilo em seu coração. E chorou. E viu que deveria aceitar Jesus Cristo como seu senhor. E assim fez. E convenceu todos os índios a seguirem o mesmo caminho. Francisco então ficou feliz pois sabia que sua missão, em parte, havia sido cumprida. Dias depois, centenas de índios se converteram e ajudaram a construir uma igreja no centro da cidade.

Francisco reconheceu que o Pajé tinha bom coração, e boas intenções. E que realmente tem coisas que não devem ser mudadas. Que a verdade não tem outro lado. Não pode ser desfeita. E que as sementes continuarão virando árvores e frutos. E que o sol continuará nascendo todas as manhãs. E que como era no princípio, agora e sempre será.


J.P.D.

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