terça-feira, 21 de abril de 2020

O Ca-peão e a esquadrilha da fumaça


Papai sempre foi meu ídolo. Mas lembro dois episódios que evitei repetir com o meu filho. Aos sete anos, papai me deu um pega do crivo na frente de casa. A metade de um Charme longo. Pois eu pedi para saber que gosto tinha. Ele disse: "Toma pra tu ver que é ruim". Fumei e me afoguei tossindo. Aos doze, me serviu cerveja no aniversário da mãe dele. Bebi um trago naquele dia. Isto que papai gostava mais de caipirinha com churrasco do que cerveja. Enquanto meu guri tem vinte e dois anos e zero vícios. Nem álcool costuma beber. Ambos são orgulho pra mim. Óbvio, por motivos diferentes.

Papai costumava empregar as pessoas ou encaminhá-las a trabalhos em negócios dos irmãos maçons. Sempre o via ajudando as pessoas. Mas era um cara enérgico. Forte nas palavras. Bom com a caneta. Andou bastante a cavalo quando novo. Fazia quilômetros por dia indo à fazenda dos Dornelles que era 36km do centro.  Ganhou vários campeonatos e medalhas no ping-pong. Serviu o exército, cuidou as lavouras da mãe dele, foi gerente dos correios, empreendedor dono de um lava-jato, presidente do clube por três gestões (o qual pegou quebrado e deixou com dinheiro em caixa, embora tenha lidado com cassino clandestino na época), secretario de Relações públicas e turismo dentre tantas coisas.

O certo é que algo tenho que fazer em memória a ele e pelo meu filho. Livrar-me do tabagismo o quanto antes. Sei que ambos torcem a isto. Esta terra é trabalhada pelos ancestrais e irmãos dele, há mais de cem anos, desde antes de existir o cigarrilho industrializado. "Isto toca uma banda" - Dizia ele. Ligado aos cinco continentes, através de grupos no Whats App, tenho certeza disto. Embora o ca-peão me dê direito a 20 anos (ininterruptos, pelo fato de ter cortado três) no ar puro, é desafiador. Só tenho que desfumar o Guerreiro (O táta, pai do pai do pai do pai) na quinta. Isto vale uma espada d'Yansã, quando zero álcool junto. Certa vez que o Táta nada bebe (Salvo caipirinha eventual, com churrasco). prefere correr.

Quanto a tocar a esquadrilha da fumaça, descobri que não precisa, necessariamente, fumar. Basta ter sido fumante, ter o ca-peão desta terra e tocar a banda diariamente. Quando três conversam na encruzilhada, se abre uma. A última mensagem estará na terra e no ar.

Baraque me ensinou a fazer encomendas, direto a Cam, irmão de Sem e Jafé, usando moedas circulantes de várias nações. "Quando fumo, prefiro a carne. Quando não fumo, a fruta" - Disse o Guerreiro - "Eu sou espada (de corpo inteiro)".

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