quinta-feira, 30 de março de 2017

O aliciamento de Fulana


O ALICIAMENTO DE FULANA

Fulana era feliz com o antigo namorado. Certo dia, discutiram e brigaram. Fulana, irritada, saiu para beber. Na noite, embriagada, conheceu Beltrano. Contou que estava em crise de relação e queria esparecer.

Beltrano se aproveitou da situação. Sairam da festa e foram para casa. Beltrano dizia para Fulana esquecer o ex: 'vem ser minha; seu ex não faz assim'. Fulana ria, mas, ao mesmo tempo, insistia que ainda gostava do ex (chamado Baunilha). Beltrano sentiu ódio. Pôs-la de quatro, e usou-a com raiva.

Fulana, por um momento, teve pena do ex namorado que praticava o sexo com amor. Comentou que queria que o ex fosse assim como Beltrano. Pegada, puxada de cabelo, nomes ousados (tais como puta, vadia, cadela, vagabunda, etc) e expressões fortes (piça na cara, tomar o leite, tomar no cu, etc).

Beltrano sentiu pena do ex que, conforme fulana, é mais lento e silencioso. Beltrano deu um tapa na bunda de Fulana e mandou-a de volta ao namorado. Fulana, saiu falando no telefone. Contado às amigas. Também ligou ao ex que estava chateado.

Ao continuar falando, em banda, no telefone, lhe disseram, através das ondas telepáticas, que Beltrano havia a devolvido ao ex, pois tinha pena dele por ser baunilha e pena dela por ser mais uma.

Fulana continuou ligando o telefone. Em cada ligação o caso se complicava mais. O ex perderia tudo, caso a aceitasse de volta, mesmo sem saber. 

Ao saber que Fulana havia saído a noite, deduziu que teria conhecido alguém, e mandou-a voltar ao hipotético, porém, real, Beltrano. 

Fulana havia sido devolvida aos dois lados e já não era mais de ninguém. No entanto, Beltrano apenas lhe deu um tapa na bunda. Enquanto o ex verbalizou a devolução. 

Fulana também foi assaltada no plano espiritual. Sentiu-se mal. Por ter prazer na raiva, e ser dispensada por Baunilha (o ex que ela amava); Preferiu ranger os dentes, soltar as patas e se entregar à raiva. Ganhou uma marca na testa e começou a esvaziar-se do amor, sem saber.

Outros se aproveitaram de sua fraqueza. Enquanto Fulana fazia o mesmo. Aproveitando-se do que chamamos 'gente boa' ao ser cúmplice do que conhecemos como 'gente ruim'. 

Ser forte, à Fulana, significava romper com tal comportamento. Até conseguir obter, novamente, de modo diferente, maior prazer no amor do que na raiva. 

A pegada era necessária. No entanto, com o amor, em vez da raiva. Fulana ainda não conhecia isto. Pois sentia uma coisa sem a outra, desde que a repartiram em cacos.

Contos de Paz*
pazdornelles.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário